Em referendo, Irlanda aprova casamento entre pessoas do mesmo sexo
Com vitória do sim, país é o primeiro do mundo a aprovar casamento gay por referendo; participação dos jovens contribui para a decisão histórica
A Irlanda torna-se assim o 19º país – o 14º na Europa – a legalizar o casamento gay. No entanto, foi o único a organizar um referendo, transferindo para o eleitor a decisão sobre o tema. Os demais países autorizaram pelo voto parlamentar.Os políticos acham que o voto dos jovens contribuiu para a vitória da proposta do governo de Dublin, uma coligação entre conservadores e trabalhistas. Houve aumento na participação dos eleitores, que pode aproximar-se dos 60%, índice acima dos registrados em votações anteriores.
Para o primeiro-ministro, Enda Kenny, essa é uma prova de que o eleitorado irlandês, de pouco mais de 3 milhões de pessoas, levou a sério a campanha.”Acredito que, do ponto de vista dos jovens, ficou demonstrado o valor atribuído a essa questão e a importância que deram à política”, disse.
O resultado do referendo, 22 anos após a despenalização da homossexualidade, constitui derrota para a Igreja Católica irlandesa, que promoveu campanha ativa pelo não. Durante a campanha, a Igreja, apoiada por grupos conservadores, movimentos antiaborto, além de senadores e deputados, defendeu que o casamento homossexual atenta contra os valores da família tradicional e vai modificar radicalmente os processos de adoção, incidindo negativamente nos direitos dos menores.
A República da Irlanda promulgou em 2010 uma lei de relações civis que, pela primeira vez, reconhecia legalmente os casais de pessoas do mesmo sexo, mas não os classificava como casados, nem lhes conferia proteção constitucional, como passa a ocorrer com a vitória do sim. Mais de 3,2 milhões de irlandeses foram chamados na sexta-feira às urnas para se pronunciar contra ou a favor do casamento homossexual em país onde é forte a influência da Igreja Católica.
A Irlanda, país de 4,6 milhões de habitantes, votou em 1995 pela legalização do divórcio, apesar de a Igreja também ter sido contrária. O aborto continua proibido, exceto nos casos de risco de morte da mãe.
O arcebispo de Dublin, Diarmuid Martin, disse que o sim dos eleitores irlandeses ao casamento homossexual é um exemplo da revolução social que o país atravessa há algum tempo e à qual a Igreja Católica deve reagir.
Martin admitiu que chegou o momento de a hierarquia católica iniciar um processo de profundo debate e revisão da realidade. O arcebispo assegurou que os responsáveis católicos devem encontrar uma nova linguagem para propagar mais eficazmente a mensagem da Igreja, sobretudo entre os mais jovens, cujo voto foi decisivo para a vitória do sim.
Fonte: Agência Brasil